sexta-feira, 7 de setembro de 2012


ECONOMIA

O estudo da economia se dedica a entender "Processo de Geração de Riqueza" e não a propor formas de "deixar de gastar". Esta ultima interpretação, frequentemente veiculada pelos meios de comunicação, gera uma postura negativa da sociedade as boas práticas da economia, promovendo o "desperdício" que é o que deve ser combatido.


I – Conceituação básica

I.1 - Definição

Economia é uma ciência social que estuda como indivíduos organizados socialmente decidem/escolhem empregar recursos escassos na produção, a circulação e o consumo de bens e serviços,  de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas ilimitadas. Economia também pode ser definida como a administração da escassez dos recursos de produção.
 
Essa definição contém vários conceitos importantes que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica: "escolha, necessidades, recursos, escassez, produção e distribuição (circulação)".

De forma geral, se considera que, em qualquer sociedade, os recursos de produção são escassos e as necessidades humanas são ilimitadas, e sempre se renovam. O ser humano não se satisfaz com o que tem, sempre desejando mais coisas. Isso obriga a sociedade a escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da atividade produtiva aos vários grupos da sociedade.

- Conflito básico:
   Recursos escassos
              X                                → o que nos obriga a formular ESCOLHAS
  Necessidades ilimitadas
  
Contudo, é importante comentar que o conceito de "Escassez" tão presente na maioria das definições de economia não é absoluto e unívoco, podendo ser relativizado e até contestado. Pois a escassez, como algo que é carente ou desprovido, ou mesmo, insuficiente, pode ser absoluta, por estar disponível em pequenas quantidades numéricas: platina, urâniotungstênio, profissionais altamente qualificados, etc; ou relativa, devido a exploração excessiva e/ou desperdício: petróleo, madeira, sardinha, água potável, etc. Mas, a escassez pode ser, também, considerada como algo produzido pela forma como nos organizamos para explorar e utilizar os recursos, pois os defensores da economia planificada argumentam que em um sistema econômico centralizado, com o planejamento da utilização e distribuição dos recursos e de seus frutos, todos os indivíduos teriam acesso aos bens que necessitam, eliminando a escassez como problema a ser resolvido.

 I.2 - Problemas Econômicos Fundamentais:

Representam as escolhas que temos que realizar para decidir como os recursos serão empregados para atender as necessidades do conjunto da sociedade:

- O que e quanto produzir?
A sociedade deverá escolher dentro das possibilidades de produção, quais os produtos e quantidades deverão ser produzidos. O resultado do processo produtivo serão os bens (coisas físicas, tangíveis, como, por exemplo, geladeira, fogão, sapato, etc) e os serviços (coisas intangíveis, como, por exemplo, serviços de educação, segurança, hospitalares, etc). Os bens, por sua vez, poderão ser de consumo (duráveis e não duráveis) e de capital, enquanto os serviços são contratados.

- Como produzir?
A sociedade deverá escolher quais os recursos produtivos serão utilizados considerando o nível tecnológico disponível. Como e onde se dará se dará o processo produtivo implica em tentar adotar as melhores técnicas de produção disponíveis que deverão ser utilizadas em três possíveis cenários (setores da economia), a saber: setor primário, setor secundário e setor terciário.

- Para quem produzir? (ou "Para quem vender?")
A sociedade deverá escolher como e quais indivíduos irão participar do resultado do processo de geração de riqueza. Considera-se que a distribuição de tudo que foi produzido se dará de acordo com a forma política e social com que a sociedade está organizada, levando-se em conta dois aspectos:
. a quantidade e qualidade dos fatores que cada grupo de indivíduos empregou no processo produtivo; e
. o  preço que cada um destes grupos conseguiu receber pelo uso dos seus fatores.

 I.3 - Setores de Economia:

De maneira geral, a economia possui três setores, a saber: setor primário, setor secundário e setor terciário.
. Setor primário: responsável pelas atividades de lavouras, extração animal, vegetal e mineral.
. Setor secundário: compreende o conjunto das atividades de transformação dos fatores primários em outros bens, ou seja, é a indústria de transformação, a indústria da construção e de semi-industriais (energia elétrica, gás encanado, tratamento e distribuição de água, etc.).
. Setor terciário: responsável pelas atividades de prestação de serviços, como comércio, mercado financeiro, transporte, comunicação, lazer, saúde, educação, entre outras, e do governo.

Importante: os bens tangíveis são produzidos nos setores primário e secundário e os bens intangíveis (serviços) no setor terciário.

 I.4 - Sistemas Econômicos:

Um sistema econômico pode ser definido como sendo a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade, para desenvolver as atividades econômicas de produção, circulação e consumo de bens e serviços.

Os elementos básicos de um sistema econômico são: 
 . Fatores de produção - são os recursos humanos, o capital, os recursos naturais e a tecnologia.
 . Unidades de produção - são as empresas.
 . Instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais que constituem na base de organização da sociedade.

I.4.1 - Classificação dos Sistemas Econômicos

 - Sistema de Economia de Mercado ou Sistema Liberal:

É aquele regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção.
Vale ressaltar que da primeira metade do séc. XVIII a, pelo menos, até o início do século XX, prevalecia nas economias ocidentais a ideia do sistema de livre concorrência (concorrência pura), em que não deveria haver intervenção do Estado nas atividades econômicas. Este foi o sistema que Karl Marx denominou de CAPITALISTA, baseado na propriedade privada dos meios de produção (bens de capital) e na não intervenção do Estado na economia, constituído por duas "classes" sociais distintas e antagônicas: capitalistas (proprietários dos meios de produção) e proletariado (trabalhadores que só tinham a sua força de trabalho para vender e da sua família - prole).

 - Sistema de Economia Planificada ou Economia Centralizada:

É aquele em que as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central de planejamento, que se constitui numa das estruturas do Estado, predominando a propriedade pública dos fatores de produção, chamados nessas economias de meios de produção. Sendo os bens de produção de controle direto do Estado, que promove a distribuição/socialização da riqueza gerada pelo sistema econômico. Como não há a propriedade privada dos meios de produção, mas apenas dos bens pessoais (roupas e utensílios domésticos), este é o SOCIALISMO, ou seja, o sistema onde todos são trabalhadores.

Porém, a partir das crises econômicas do início do séc. XX, que culminaram com a primeira grande guerra em 1914 na Europa, e quebra da bolsa de Nova York em 1929 nos EUA, o Sistema Liberal, como argumento lógico e incontestável das melhores praticas econômicas, começou a ser questionado até mesmo nas principais economias ocidentais. Dando origem a defesa de uma forma alternativa de organização do sistema econômico, que combinasse alguns aspectos da economia de mercado, com a possibilidade de intervenção do Estado na economia.

 - Sistema de Economia Mista:

Nesta nova forma de apresentação da organização do sistema econômico, a propriedade privada dos meios de produção são preservadas e defendidas, mas as decisões sobre as melhores formas de realizar o seu emprego, estariam condicionadas aos interesses da sociedade através da intervenção do Estado como agente regulador, normatizador e supervisor das atividade econômicas, combinando a iniciativa privada com a atuação do Estado. A partir de 1936, com a publicação do  livro "Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda",  do economista inglês John Maynard Keynespassou a predominar este modelo de "sistema de economia mista" nas mais diferentes economia mundiais, onde prevalecem as forças de mercado, com maior ou menor intensidade, mas com a atuação e intervenção do Estado.

 * Exceções - atualmente (set./2012) podemos considerar que há três sistemas econômicos que apresentam características distintas do "Sistema Misto", são eles: Coréia do Norte e Cuba, que ainda possuem uma organização centralizada, e a China, onde o Estado controla toda a sociedade, mas permite que algumas atividades econômicas funcionem sob sua supervisão e de acordo com sua autorização.


II – Apresentação Esquemática da Economia:

Fluxo Circular Completo da Economia  (Economia Aberta com Governo)

   - Fluxo Real da Economia ou Lado Real da Economia: representado pelas setas em negrito, são as trocas realizadas pelos membros das famílias e as empresas nos mercados de fatores de produção e de bens e serviços. É dita “real”, pois envolve a troca de mercadorias e fatores de produção. Sendo "Trabalho, Terra e Capital" os fatores de produção tradicionais e "Tecnologia e Capacidade Gerencial ou, simplesmente, Conhecimento" os fatores de produção adicionados recentemente pelo desenvolvimento do estudo da economia.

- Fluxo Monetário da Economia ou Lado Monetária da Economia: representado pelas setas tracejadas verdes, são os pagamentos feitos em moeda pelas empresas as famílias na forma de remuneração dos fatores de produção (salários, aluguéis, juros, royalties e lucros) e das famílias para as empresas como pagamento pelos bens e serviços comprados (demandados). É dita “monetária”, pois as transações (compras e vendas) se realizam através da troca de moeda entre ofertantes (fornecedores) e demandantes (consumidores) a partir dos preços fixados por estes.

Ao considerarmos somente o fluxo real com o fluxo monetário, temos o FLUXO BÁSICO da economia, que reúne as transações nos mercados entre os agentes econômicos: oferta e demanda. É o que se conhece como ECONOMIA FECHADA SEM GOVERNO.

Quando adicionamos a este fluxo básico o Estado (Governo), passamos a ter uma ECONOMIA FECHADA COM GOVERNO e ao considerarmos as transações desta economia com as demais economias no mercado internacional, Setor Externo, passamos a ter uma ECONOMIA ABERTA e, portanto, o FLUXO COMPLETO DA ECONOMIA.

Para pensar a economia hoje: discurso de Presidente do Uruguai, Mujica, na Rio+20 - assistam este belo e inquietante discurso


5 comentários:

  1. Precisamos de um remédio que possamos comprar para curar a luxúria e a obsessão, que de todos os males que nós mesmos criamos a hipocondria seria a cura.

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  2. Será que ainda fazemos seres humanos?
    A vida parece esta sendo esquecida como bem maior de toda uma humanidade,passamos por desapercebidos em meio a nossa decadência politíca.

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  3. Show de boal este vídeo. Ahh se todos os líderes mundiais pensassem assim. Ahh se nós agíssemos assim.

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  4. como seria a representação no fluxo de renda circular, com uma economia mista?

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    1. Oi. O fluxo circular é uma representação genérica das relações entre os diferentes agentes econômicos no processo de geração de riqueza, não fazendo diferenciação entre a forma política da participação de cada um dos agentes (Famílias, Empresas e Governo). Abraços

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